
Você já parou para pensar que seu corpo não é apenas um veículo que transporta seus pensamentos?
Pois é, nosso corpo-mente é um complexo tão interligado e interdependente que é uma coisa só: um corpo pensante.
Essa perspectiva desafia a visão tradicional onde a ideia é que somos um sujeito fixo e imutável, vivendo num mundo imperfeito por suas mudanças.
Ao percebermos que somos um corpo pensante, entendemos que nossas experiências, emoções e pensamentos são moldados pela interação constante com o ambiente ao nosso redor.


Por exemplo, imagine alguém que sofre de ansiedade. A sensação de ansiedade se manifesta fisicamente, com o corpo experimentando sintomas como aumento da frequência cardíaca, sudorese aumentada e tensão muscular. Ao executar técnicas meditativas, como certos exercícios respiratórios ou exercícios de grounding (aterramento), é possível que percebamos algumas solturas no nosso corpo, simultaneamente com nossos pensamentos. Isso demonstra como corpo e pensamentos fazem parte da mesma substância (já diria Spinoza), influenciando-se mutuamente de forma constante.
A unidade corpo pensante nos leva a reavaliar a maneira como entendemos e enfrentamos os desafios da vida. Ao invés de ver a mente e o corpo como entidades separadas, faz mais sentido adotar uma abordagem holística que considera a totalidade do ser humano.
Dessa forma, entendemos que cuidar da saúde mental também implica cuidar da saúde física, e vice-versa. Afinal, somos seres em constante transformação, essa flexibilidade é o que nos torna “demasiadamente humanos” (para citar Nietzsche).
O Corpo como Pensador
Compreendido o corpo pensante, percebemos que as ideias da nossa mente não estão confinadas ao aparato cognitivo. Nosso corpo inteiro participa do processo de pensar. Quando sentimos, movemos e interagimos com o mundo ao nosso redor, estamos, na verdade, pensando. Essa ideia nos ajuda a entender que nosso corpo não é apenas uma máquina que serve à uma entidade que nomeamos de mente, mas sim, ele próprio, um corpo pensante que existe e cria nossa realidade.
Uma das maiores aprendizagens que estamos tendo com a ciência moderna, algo que muitas perspectivas filosóficas (como a de Spinoza, Nietzsche e Merleau-Ponty) e já trazem a bastante tempo, é que a percepção da nossa realidade é construída por nós ativamente, e não apenas como uma documentação passiva dos fatos. Todo conhecimento que adquirimos passa antes por ajustes de nitidez. Esse é o ajuste que fazemos sobre o conhecimento de uma coisa de acordo com o nosso conhecimento geral de mundo que possuímos, para construir uma ideia sobre aquela determinada coisa. É o corpo que conhece algo baseado nas experiências passadas, vividas e percebidas.
“Não há apreensão imediata das operações, o entendimento humano depende das ideias que são adquiridas pela nossa capacidade de reflexão.”
– John Locke, especialmente em seu livro: “Ensaio sobre o Entendimento Humano“.
Quem você é depende de onde você passou. Se a cada dia você passa e experimenta coisas diferentes, definitivamente você está sendo constantemente novos “eus”, e não “é” apenas uma coisa única e imutável, aquilo que muitos chamam de “essência”. Estamos nos adaptando e nos transformando desde as experiências mais sutis às mais sangrentas, nessa montanha russa que se chama Vida. A gente acontece pelas experiências nas quais somos lançadas no mundo.
Somos um corpo pensante, um corpo filosófico, um conjunto de conhecimentos e lembranças de sensações e sentimentos, ideias que foram criadas a partir dessas experiências. A percepção da nossa realidade tem muito mais a ver com o que está acontecendo no nosso processo interoceptivo (dentro do corpo) do que com o que está acontecendo o tempo todo com as coisas do mundo, em outras palavras, compreendemos o mundo através do que percebemos (e do que não percebemos) do que sentimos dos estímulos que recebemos do mundo. Dessa forma é fácil realizar que cada pessoa tem uma compreensão diferente das coisas.
Nossa Visão dominante
Por exemplo, por uma questão de convenção, dizemos que o azul celeste é da cor do céu. Mas você acha que a cor do céu é igual pra todo mundo? De onde esse céu está sendo observado? O azul celeste visto pelas minhas retinas e interpretado pelo meu cérebro não é o mesmo tom que o visto pela sua perspectiva. Serão parecidos ou até completamente diferentes, mas não iguais.
A visão é o nosso sentido mais complexo e mais dominante também. Para enxergar bem, precisamos de mais do que apenas olhos que funcionam. Ver envolve um processo de perceber o mundo ao nosso redor através do corpo. O pedaço da realidade que enxergamos vem da nossa natureza e do ambiente em que vivemos.
E tá tudo bem, já que ninguém está vendo a realidade objetiva como ela realmente é; cada ser percebe apenas o que evoluiu para perceber. Em outras palavras, a realidade que experimentamos não é uma representação objetiva, completa/incompleta ou perfeita/imperfeita do mundo, mas sim uma versão filtrada e adaptada às capacidades sensoriais e às necessidades de sobrevivência da nossa espécie.

Corpo, logo Existo
É preciso fazer o corpo ser sujeito da própria existência, se deixar ser povoado, explorando diversas manifestações, fazendo o pensamento ter participação no existir e não ser uma negação dele. O pensamento caminha na velocidade dos passos que damos, vai mudando com o tempo e o movimento faz a vida existir na sua maior potencialidade.
As sensações que percebemos se transformam em pensamentos conscientes e ideias que influenciam de volta o nosso corpo e comportamentos. Direcionado a este corpo não há nada vindo de cima, nem embaixo, apenas por entre, vindo de todos os lados, intensidades que buscam duração e espaço no corpo para aflorar nossa expressão. É nesse processo que um corpo pensante e filosófico se desenvolve.
Ampliar as experiências do corpo amplia nosso conhecimento, porque tudo o que pensamos é captado pelos sentidos e passa pelas sensações. Assim, o conhecimento humano é moldado pelas sensações que temos quando estamos diante de determinadas situações. Mas para perceber essas situações, precisamos estar com o corpo aberto à experiência, sensível ao que está sendo oferecido no momento presente.

Atravessados por AFETOS
O que movimenta um corpo é o afeto provocado por outro corpo; por isso, é vital observar como somos atravessados por outros corpos que coexistem. Pensar nunca é coisa pura. Sempre envolve algo que percebemos pelos sentidos ou que vivemos, especialmente porque vivemos afetados por outros corpos, seja outro corpo humano, o corpo de uma flor, o corpo do oceano ou o corpo da luz solar.
Quando pensamos estamos no momento de observar como o mundo nos atravessa e como nossas operações internas respondem. Os pensamentos são ações da cognição que só existe entranhado nas vísceras de um corpo. Portanto, refletir é o nosso corpo vibrando com ideias, influenciado por muitos outros corpos atravessados.
Acreditamos que o corpo não deve seguir aquele tipo ideal platônico e ser visto como uma realidade inferior, onde a racionalidade é supervalorizada em relação ao corpo, que acaba sendo visto apenas como algo simétrico e previsível. Na nossa visão, o corpo é uma construção que troca percepções e interpretações com outros corpos pensantes; um espaço onde os desejos circulam livremente.

Nosso Convite
A compreensão desse “corpo outro” que apresentamos aqui, um corpo pensante, um corpo filosófico, é fundamental para perceber a influência, tanto em como somos afetados quanto em como afetamos o mundo ao nosso redor. Assim é possível entender o quanto o corpo contribui para a manutenção da vida muito mais do que uma “mente funcional” pode alcançar. Essa ideia coloca a ênfase no corpo como um agente vital e ativo na nossa experiência de vida.
O corpo pensante é uma nova maneira de entender nossa existência. Ele nos mostra que somos mais do que mentes isoladas em corpos mecânicos. Somos seres dinâmicos, em constante transformação, movidos pelo desejo e atravessado pelo mundo. O nomadismo é uma característica essencial, ele nos liberta das amarras da sociedade, permitindo uma vida mais autêntica e alegre.
Esse é um convite a valorização do corpo e dos sentidos como meios de conhecimento e de expressão da nossa vontade. Um lugar dedicado à criação do corpo, espaço esse onde a percepção da nossa realidade pertence exclusivamente ao discernimento do nosso sentir.

Você já parou para pensar que seu corpo não é apenas um veículo que transporta seus pensamentos?
Pois é, nosso corpo-mente estão tão interligados e interdependentes que são uma coisa só: um corpo pensante. Essa perspectiva desafia a visão tradicional onde a ideia é que somos um sujeito fixo e imutável, vivendo num mundo imperfeito por suas mudanças.

Pensamento Nômade: Sempre em Movimento
Vamos começar entendendo o que é o pensamento nômade.
Imagine que, em vez de ter um único sujeito pensante fixo, o pensamento está sempre em movimento, como um nômade que viaja sem um destino final. Esse movimento constante é chamado de “devir”, ou seja, o processo contínuo de transformação. Pensar dessa forma nos permite ver o mundo como um lugar dinâmico, cheio de novas conexões e possibilidades. Para voltar ao fluxo do pensamento e criar novas maneiras de viver, é essencial estar no movimento de sentir. Encontrar o pensamento sendo movido em tudo aquilo que é sentido, é uma perspectiva prática e única.
Colocar movimento no mundo das nossas ideias indica a necessidade de dinamizar e atualizar o que estamos pensando, que muitas vezes é tentado a se cristalizar em dogmas, preconceitos e estereótipos. Esse movimento (como um rizoma) sugere uma atitude de abertura, flexibilidade e transformação diante da vida, valorizando a diversidade de viver e implica em questionar, dialogar, experimentar e atualizar, buscando novas perspectivas e soluções para os desafios da nossa realidade.

O Corpo como Pensador
Compreendido o pensamento nômade, percebemos que as ideias da nossa mente não estão confinadas ao aparato cerebral. Nosso corpo inteiro participa do processo de pensar. Quando sentimos, movemos e interagimos com o mundo ao nosso redor, estamos, na verdade, pensando. Essa ideia nos ajuda a entender que nosso corpo não é apenas uma máquina que serve à mente, mas sim, ele próprio, um corpo pensante que existe e cria nossa realidade.
Uma das maiores aprendizagens que estamos tendo com a ciência moderna, algo que muitas perspectivas filosóficas já trazem a bastante tempo, é que a percepção da nossa realidade é construída por nós ativamente, e não apenas como uma documentação passiva dos fatos. Todo conhecimento que adquirimos passa antes por “ajustes de nitidez”. Esse é o ajuste que fazemos sobre o conhecimento de uma coisa de acordo com o nosso conhecimento geral de mundo que possuímos, para construir uma ideia sobre aquela determinada coisa. É o corpo que conhece algo baseado nas experiências passadas, vividas e percebidas.
“Não há apreensão imediata das operações, o entendimento humano depende das ideias que são adquiridas pela nossa capacidade de reflexão.”
Quem você é depende de onde você passou. Se a cada dia você passa e experimenta coisas diferentes, definitivamente você está sendo constantemente novos “eus”, e não “é” apenas uma coisa única e imutável, aquilo que muitos chamam de “essência”. Estamos nos adaptando e nos transformando desde as experiências mais sutis às mais abruptas. Essa montanha russa se chama Vida. A gente acontece pelas experiências nas quais somos lançadas no mundo.
Somos um corpo pensante, um corpo filosófico, um conjunto de conhecimentos e lembranças de sensações e sentimentos, ideias que foram criadas a partir dessas experiências. A percepção da nossa realidade tem muito mais a ver com o que está acontecendo no nosso processo interoceptivo (dentro do corpo) do que com o que está acontecendo o tempo todo com as coisas do mundo, em outras palavras, compreendemos o mundo através do que percebemos do que sentimos dos estímulos que recebemos do mundo. Dessa forma é fácil entender que cada pessoa tem uma compreensão diferente das coisas.
Nossa Visão dominante
Por exemplo, por uma questão de convenção, dizemos que o azul celeste é da cor do céu. Mas você acha que a cor do céu é igual pra todo mundo? Nunca será. O azul celeste visto pelas minhas retinas e interpretado pelo meu cérebro nunca será no mesmo tom que o visto na sua perspectiva. Serão parecidos ou até completamente diferentes, mas nunca igual.
A visão é o nosso sentido mais complexo e mais dominante também. Para enxergar bem, precisamos de mais do que apenas olhos que funcionam. Ver envolve um processo de perceber o mundo ao nosso redor através do corpo. O pedaço da realidade que enxergamos vem da nossa natureza e do ambiente em que vivemos.
Para tranquilizar vocês, ninguém está vendo a realidade objetiva como ela realmente é; cada ser percebe apenas o que evoluiu para perceber. Em outras palavras, a realidade que experimentamos não é uma representação objetiva, completa ou perfeita do mundo, mas uma versão filtrada e adaptada às capacidades sensoriais e às necessidades de sobrevivência de cada espécie.

Corpo, logo Existo
É preciso fazer o corpo ser sujeito da própria existência, se deixar ser povoado, explorando diversas manifestações, fazendo o pensamento ter participação no existir e não ser uma negação dele. O pensamento caminha na velocidade dos passos que damos, vai mudando com o tempo e o movimento faz a vida existir na sua maior potencialidade.
As sensações que percebemos se transformam em pensamentos conscientes e ideias que influenciam nosso corpo e ações. Direcionado a este corpo não há nada vindo de cima, nem embaixo, apenas por entre, vindo de todos os lados, intensidades que buscam duração e espaço no corpo para aflorar nossa expressão. É nesse processo que um corpo pensante e filosófico se desenvolve.
Ampliar as experiências do corpo amplia nosso conhecimento, porque tudo o que existe na nossa mente é captado pelos sentidos e passa pelas sensações. Assim, o conhecimento humano é moldado pelas sensações que temos quando estamos diante de determinadas situações. Mas para perceber essas situações, precisamos estar com o corpo aberto à experiência, sensível ao que está sendo oferecido no momento presente.

Atravessados por AFETOS
O que movimenta um corpo é o afeto provocado por outro corpo; por isso, é vital observar como somos atravessados por outros corpos que coexistem. Pensar nunca é coisa pura. Sempre envolve algo que percebemos pelos sentidos ou que vivemos, especialmente porque vivemos afetados por outros corpos, outros seres e outras personalidades.
Quando pensamos estamos no momento de observar como o mundo nos atravessa e como nossas operações internas respondem. Os pensamentos são ações de uma mente que só existe nas vísceras de um corpo. Portanto, refletir é o nosso corpo vibrando com ideias, influenciado por muitos outros corpos ao redor.
Acreditamos que o corpo não deve seguir aquele tipo ideal platônico e ser visto como uma realidade inferior, onde a racionalidade é supervalorizada em relação ao corpo, que acaba sendo visto apenas como algo simétrico e previsível. Na nossa visão, o corpo é uma construção que troca percepções e interpretações com outros corpos pensantes; um espaço onde os desejos circulam livremente.

Nosso Convite
A compreensão desse “corpo outro” que apresentamos aqui, é fundamental para perceber a influência, tanto em como somos afetados quanto em como afetamos o mundo ao nosso redor. Assim é fácil de entender o quanto o corpo contribui para a manutenção da vida muito mais do que uma mente funcional pode alcançar. Essa ideia coloca a ênfase no corpo como um agente vital e ativo na nossa experiência de vida.
O corpo pensante é uma nova maneira de entender nossa existência. Ele nos mostra que somos mais do que mentes isoladas em corpos mecânicos. Somos seres dinâmicos, em constante transformação, movidos pelo desejo e conectados ao mundo ao nosso redor. O nomadismo, uma característica essencial, nos liberta das amarras da sociedade, permitindo uma vida mais autêntica e alegre.
Esse é um convite a valorização do corpo e dos sentidos como meios de conhecimento e de expressão da nossa vontade. Um lugar dedicado à recordação do corpo, espaço esse onde a percepção da nossa realidade pertence exclusivamente ao discernimento do nosso sentir.